Integralismo

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

O integralismo é um movimento político conservador e de extrema-direita, inspirado em grandes movimentos europeus do mesmo período como o nazismo alemão e o fascismo italiano.

Assume como símbolo a letra grega sigma (∑), que significa o somatório, no sentido de soma dos termos infinitamente pequenos. A ideia de somatório dos indivíduos sob sua doutrina é a base do integralismo.

No Brasil, a Ação Integralista Brasileira (AIB) foi fundada na década de 1930 como forma de oposição ao liberalismo e ao socialismo.

A doutrina integralista fundamenta-se na construção de um Estado subordinado moralmente ao catolicismo. O lema: Deus, Pátria e Família é evocado como os pilares para a construção desse modelo.

Plínio Salgado, o Integralismo no Brasil e a AIB

O integralismo brasileiro foi fundado pelo político e escritor Plínio Salgado (1895-1975). Em uma viagem à Europa, Plínio pesquisou sobre alguns dos movimentos ocorridos no período e, sobretudo, o fascismo italiano seu modo de organização.

Em 7 de outubro de 1932, foi lançado o "manifesto de outubro", que deu origem à Associação Integralista Brasileira (AIB). Nela, Plínio Salgado foi declarado líder e definiu as estruturas e princípios do movimento.

O integralismo brasileiro, definido por Plínio Salgado, possuía os seguintes ideais:

  • cristianismo (católico);
  • unidade nacional;
  • corporativismo;
  • combate ao liberalismo e ao socialismo.
Bandeira integralismo
Bandeira da Ação Integralista Brasileira, a centro, o sigma, símbolo do integralismo

Veja também: Ação Integralista Brasileira.

Anauê e os Camisas-Verdes

Os integralistas cumprimentavam-se com a saudação "anauê", de origem tupi, que significa "você é meu irmão". Realizavam a saudação de origem romana com o braço direito estendido também utilizado pelos nazistas e fascistas italianos.

O uniforme era composto por uma camisa verde de punhos e colarinhos abotoados. Como justificativa, a ideia de que uniformizados deixam de ser evidentes as diferenças sociais entre seus integrantes.

O uniforme rendeu o apelido a seus integrantes de "os camisas-verdes". E, foi adaptado pelos seus opositores, sobretudo comunistas e anarquistas da primeira metade do século passado, de "os galinhas-verdes".

Clandestinidade e o movimento integralista nos dias de hoje

A partir do golpe de estado e a instituição do Estado Novo por Getúlio Vargas, em 1937, os integralistas, assim como outros movimentos políticos brasileiros, tornaram-se clandestinos.

O grupo arquitetou um levante armado contra o governo de Getúlio Vargas em 11 de maio de 1938, que fracassou e seus integrantes foram presos. Esse evento ficou conhecido como o Levante Integralista de 1938 (ou Intentona Integralista).

Plínio Salgado, apesar de não ter participado do ataque ao Palácio Guanabara, sede do governo, foi exilado e permaneceu em Portugal até 1946.

As prisões e o exílio de Plínio Salgado enfraqueceram o movimento que, desde então, mantém-se com menor força e número de militantes.

No regresso ao Brasil, Plínio criou o Partido da Representação Popular (PRP), sendo eleito, em 1958, deputado federal pelo estado do Paraná.

Durante o período da ditadura militar iniciada em 1964, Plínio se associou à ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Desde então o movimento integralista perdeu força, mas permanece de forma residual até os dias de hoje.

Veja também:

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).