Socialismo Utópico: entenda o que é, suas características e pensadores

Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Professora de Filosofia e Sociologia

O socialismo utópico é uma corrente de pensamento que esteve baseada num modelo idealizado de sociedade. Por isso foi chamado de “utópico” (irrealizável) por Karl Marx e Friedrich Engels.

Ele é considerado a primeira fase do pensamento socialista, tendo seu início no século XIX. Tem como principais nomes: Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen”.

O maior objetivo do socialismo utópico era a criação de uma sociedade ideal, mais justa e igualitária.

Essas ideias surgiram com o aumento dos problemas sociais desenvolvidos pela Revolução Industrial. Tudo isso, atrelado ao liberalismo e ao capitalismo, que visavam, acima de tudo, o lucro.

Vale notar que esse modelo sociológico esteve fundamentado na mudança de consciência dos homens quanto às desigualdades sociais.

Características do socialismo utópico

  • Busca da sociedade ideal;
  • Cooperativismo;
  • Trabalho coletivo;
  • Igualdade social.

Principais Pensadores

Os socialistas utópicos acreditavam na mudança da sociedade por meio da igualdade social e harmonia entre as pessoas, sem que fosse necessária a luta de classes (burguesia e proletariado).

Os pensadores desse modelo estiveram apoiados nos ideais iluministas, cujo progresso seria alcançado pela razão e pelos interesses em comum.

Os principais socialistas utópicos foram:

  • Robert Owen (1771-1858): reformista social galês.
  • Saint-Simon (1760-1825): filósofo e economista francês.
  • Charles Fourier (1772-1837): socialista francês.
  • Pierre Leroux (1798-1871): filósofo e político francês.
  • Louis Blanc (1811-1882): socialista francês.

Diferenças entre o Socialismo Utópico e Científico

O socialismo científico, socialismo marxista ou marxismo, é uma corrente que foi criada por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895).

Essa doutrina, oposta ao socialismo utópico, tinha como principal característica a análise crítica e científica do capitalismo. Em outras palavras, investigavam os fundamentos do sistema capitalista e das desigualdades entre as classes.

Karl Marx foi um dos filósofos que criticou o modelo utópico. Segundo ele, esse tipo de corrente não focava nos meios para se atingir a sociedade ideal.

Para os marxistas, o socialismo utópico era fundamentado em ideias fantasiosas e burguesas. Ele buscava uma reforma social, desconsiderando a força política e o papel dos trabalhadores (proletários).

Segundo a crítica dos marxistas, os utópicos viam a classe proletária sempre como a “classe sofredora” (SIQUEIRA; PEREIRA, 2014). Por isso, ela dependeria da classe burguesa para mudar a sua condição. Logo, não haveria no modelo utópico qualquer ruptura com as estruturas sociais vigentes.

Para o socialismo científico, o modelo de uma sociedade mais justa, então, não poderia ser implementado como apresentavam os utópicos. Para ser alcançada a real igualdade, era necessária uma revolução por parte dos proletários.

Embora as duas correntes visassem alcançar uma sociedade igualitária, o socialismo científico possuía uma visão mais ativa e menos idealizada da realidade social.

Aprofunde os seus conhecimentos sobre:

Socialismo Científico

Revolução Russa (1917): o que foi, as causas e consequências (em resumo)

Você Sabia?

O nome dessa corrente de pensamento foi baseado na obra “Utopia” de Thomas More (1478-1535), publicada em 1516. Lembre-se que o termo “utopia” significa uma sociedade ideal, imaginária, inalcançável.

Referências Bibliográficas

BUBER, M. O Socialismo Utópico. São Paulo: Perspectiva, 1971.

ENGELS, F. Do socialismo utópico ao socialismo científico. Disponível em . Acessado em 10 jul. 2024.

MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto Comunista. 7ª ed. Organização e Introdução de Osvaldo Coggiola. São Paulo: Boitempo Editorial, 2007.

SIQUEIRA, S. M. M.; PEREIRA, F. Marx e Engels: luta de classes, socialismo científico e organização política. Salvador: Lemarx, 2014.

Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Bacharela e Licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (2014), com Mestrado em História da Filosofia pela mesma universidade (2017). Atua como professora na rede privada de ensino, ministrando aulas ligadas às áreas de Filosofia e de Sociologia.